Alemanices: “Puxadinhos” verdes

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A primeira impressão do olhar estrangeiro sobre as pequenas casinhas amontoadas à beira das ferrovias ou no meio das cidades é de que são “favelas ao estilo alemão”.

Os barraquinhos de madeira enfileirados e separados por cercas são, na verdade, parte dos disputados jardins urbanos da Alemanha – os Schrebergärten.

Os terrenos públicos cedidos a mais de 15 mil associações que coordenam o aluguel e a utilização dos espaços servem para o cultivo de legumes, verduras e flores. Ou ainda para aproveitar as noites quentes do verão depois do trabalho ou fazer um churrasco no fim de semana.

É uma opção econômica para quem mora em apartamentos e não tem um espaço de lazer ao ar livre. Os “puxadinhos” nas grandes e pequenas cidades da Alemanha já foram considerados caretas, mas se tornam cada vez mais populares entre as famílias jovens alemãs.

Os mais de um milhão de Schrebergärten na Alemanha cobrem uma área de quase 50 mil hectares e são disputadíssimos. Há longas filas de espera para conseguir alugar um pequeno lote. Os preços variam de acordo com a região e instalações próximas, como piscinas públicas ou espaços de diversões para crianças.

O arrendamento dos lotes é, geralmente, por tempo indeterminado e pago anualmente à associação que gere a área, mas os cerca de 5 milhões de locatários precisam cumprir as regras de organização e limpeza. As cercas vivas precisam ser aparadas de forma impecável, o gramado bem cortado, e os caminhos de passagem sempre limpos para que os vizinhos não reclamem.

Tem até quem comemore a festa de casamento nos pequenos jardins, idealizados há 200 anos. A primeira colônia de jardins urbanos foi estabelecida em 1814 por um pastor na cidade de Kappeln, no extremo-norte da Alemanha.

Já o nome “Schrebergarten” é uma alusão ao médico Daniel Schreber, de Leipzig, que incentivou a criação de espaços verdes de lazer para que crianças pudessem ficar mais perto da natureza e serem mais saudáveis.

Esses jardins também estão presentes na Áustria, Suíça e outros países na Europa Central e Escandinávia. As casinhas de cada lote não podem servir como moradia, e os produtos cultivados não podem ser vendidos. Os locatários também precisam respeitar leis ambientais.

O movimento kleingärten (pequenos jardins, em alemão) inovou a ecologia urbana e o paisagismo das cidades alemãs, com espaços públicos voltados ao cultivo sustentável e ao lazer. Com a primavera e a chegada do verão, quem tem um Schrebergarten volta a enfeitar os jardins e colocar as cadeiras do lado de fora para aproveitar o sol. São pulmões verdes em meio ao asfalto.

Estudantes desenvolvem sistema que alerta sobre alagamento em BH

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O ano era 2014 e Alysson Andrade estudava, por meio do programa Ciência Sem Fronteiras, na universidade norte-americana Illinois Institute of Technology. Durante o curso de Sistemas Embarcados, o jovem estudante de Ciências da Computação precisava apresentar como trabalho de conclusão um projeto que trouxesse benefícios à sociedade.

Durante esse momento de brainstorm, o estudante teve a ideia de desenvolver um sistema capaz de detectar inundações provenientes de rios e canais. “Com a ajuda de dois colegas de classe – Luiz Pinto e Israel Aires – fiz um protótipo que detectava o nível da água e informava em caso de risco eminente de inundação”, recorda.

Ao regressar para o Brasil e retomar o estudos no Centro Universitário de Belo Horizonte – Uni-BH, os estudantes deram continuidade ao projeto, desenvolvendo uma metodologia baseada em redes de sensores sem fio e análise de dados.

Segundo Alysson, os sensores captam informações sobre temperatura, umidade e pressão. Os aparelhos são espalhados ao longo do percurso dos rios e canais para coletar dados brutos e prever alagamentos.Os dados coletados em tempo real são utilizados para analisar a probabilidade de inundação baseada nos dados históricos do local.

Alerta no mobile
De acordo com os desenvolvedores, o projeto prevê a criação de um aplicativo. “Estamos à procura de parceiros para continuar o desenvolvimento do aplicativo. Portanto, ainda não há previsão para o lançamento do app”, ressalta.

Para abranger todas as áreas de enchentes em BH, a ideia é buscar a contribuição de usuários nas redes sociais. “Queremos analisar grandes quantidades de postagens e atualizar, em tempo real, um mapa mostrando quais os locais que estão alagados e que devem ser evitados” conclui.

Amigos, amigos, negócios à parte. É o recado a Evo Morales

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26/01/2006

CARACAS – Antes da mais nada, muito sangue indígena e camponês manchou os paralelepípedos das ruas de Cochabamba, La Paz e El Alto antes do pleito histórico que elegeu Evo Morales presidente da Bolívia. Tombaram bolivianos na luta contra a privatização da água em Cochabamba, em 2000, em 2003 na luta contra a taxação do salário mínimo, sugerida pelo FMI e que acabou derrubada por um levante de dois dias e um saldo de 30 mortos, e na guerra contra a privatização do gás, que custou 100 vidas. Houve um levante contra a multinacional Suez, em El Alto, que levou ao rompimento do contrato de privatização da água no ano passado, e dois foram os presidentes derrubados pela pressão popular.

Liderança da guerra da água de 2000 em Cochabamba, Oscar Oliveira fez questão de relembrar estes fatos em um debate quarta-feira (25) sobre a vitória de Evo, ao enviar um recado não só aos entusiastas como ao próprio companheiro e agora chefe de Estado: não foi um presidente que foi eleito, mas sim um projeto político. Que está acima de qualquer individualidade ou representação institucional.

A sinalização de que os movimentos sociais mais organizados da Bolívia – inclusive aqueles em cujas fileiras Evo se formou liderança nacional em um passado recente – devem se manter autônomos e independentes em relação ao governo é um aviso claro de que o presidente está em um ambiente político no qual qualquer deslize pode transformar a comemoração dos movimentos sociais por sua vitória em novo período de instabilidades e, por que não, gerar um outro levante contra o governo.

No cerne deste posicionamento, explica Oliveira, está a preocupação de que não se repita na Bolívia o que aconteceu basicamente no Equador com Lucio Gutierrez – apoiado e derrubado pelo movimento indígena -, no Brasil com Lula e no Uruguai com Tabaré Vasquez.

“A principal reflexão que devemos fazer é onde estão nos levando as mudança de governos. Se isso mudou a vida das pessoas, se combateu o neoliberalismo, se aumentou a participação popular. Temos que avaliar isso. Se não aconteceu, é só reformismo que mantém a estrutura de exploração. Nós na Bolívia não vamos aceitar simples reformas. Vamos apoiar o governo enquanto fizer transformações. Não queremos ser uma Argentina, um Brasil ou um Uruguai onde só ha desânimo entre as organizações sociais”, avisa Oliveira.

A prova de fogo para Evo está bem clara: terá que nacionalizar os hidrocarburos e convocar uma assembléia constituinte nos próximos cinco meses. “E não aceitamos esse discurso de nacionalização responsável, de que há multinacionais bandidas e não bandidas. Todas são, inclusive a Petrobrás, que nos desculpem nossos amigos brasileiros”, afirma Oliveira.

Contrato de casamento
A semelhança do momento boliviano com o que o Brasil viveu em 2002 com a eleição de Lula não está apenas na origem dos dois presidentes, ambos advindos do movimento popular, ou na comoção internacional que causaram. A mesma responsabilidade que a esquerda brasileira outorgou a Lula na época é dada agora a Evo pelo movimento indígena. “Evo é um companheiro de rua e rebeldia, e se fracassar ninguém mais acreditará em nós”, pondera Humberto Cholango, líder da Confederação das Nações Indígenas do Equador (Conaie). “Nesse momento, a responsabilidade é da Bolívia e de seus movimentos, que devem ser fiscalizadores de seu governo”.

Segundo Cholango, a “Evomania” que vem tomando conta da região andina já está suscitando no Equador a procura por um próprio candidato indígena, mas ele alerta: não é um presidente indígena que vai resolver, é o projeto político. “Descolonizar um país é refundar e reestruturar um novo sistema político, econômico e social. E temos que ter em conta que a oligarquia não estará disposta a perder”.

Román Loayza, líder da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia, também reforça a perspectiva de que está em jogo, na Bolívia, a implementação de um projeto gestionado pelos movimentos sociais por anos. A consolidação deste processo, defende Loayza, será acima de tudo a nova assembléia constituinte, já aprovada pelo Congresso. “É uma questão de vida ou morte, definirá como se administrará o Estado e seus recurso naturais. E não acho que ‘el hermano’ Evo Morales nos trairá. Com o que viu com seus olhos e escutou com seus ouvidos não nos trairá”.

Inquietações
A forma como vão se relacionar os movimentos sociais com o governo ainda é um fator preocupante para Oscar Oliveira. Convidado pelo presidente eleito para assumir o ministério do Trabalho, declinou em nome de uma autonomia imprescindível, em sua avaliação, para validar o projeto político que sustentou a eleição de Evo. A “cooptação” de outras lideranças pelo governo, principalmente em El Auto, para ele é um fator preocupante, assim como preocupam recentes ruídos no diálogo dos movimentos com o governo e uma aparente relutância em chamar os atores sociais para o debate sobre as decisões governamentais.
“Estou muito preocupado, e não queria expressar isso neste Fórum e diante de tanta gente tão esperançosa, mas o grande perigo que vejo no governo de Evo Morales é a intenção demonstrada nas últimas semanas de cooptar todos os movimentos. Se perdermos a autonomia, essa capacidade inventiva, de proposição, de mobilização autônoma, para construir nossos próprios espaços políticos às margens do aparato estatal, vejo um processo muito perigoso para Evo Morales. Essa capacidade do movimento indígena e camponês de se mobilizar é a nossa grande força para a construção de um novo projeto, que, creio, é irreversível. Se alguém quiser contestar essa força, vai haver novamente levantes e mortes”.

Oliveira também detectou atritos com o próprio MAS, que estaria se opondo fortemente à idéia de realização de uma assembléia dos movimentos sociais em fevereiro para preparar e discutir a Assembléia Constituinte. “Não vamos esperar sentados seis meses à espera da Constituinte. Estamos sentindo um certo autoritarismo por parte do governo, uma falta de abertura para o diálogo, que não nos chega com um bom sinal. O que queremos dizer é que há um perigo de fracasso se Evo não realizar todas as mudanças estruturais nesses primeiros meses de governo, quando tem todo o apoio popular, uma popularidade que chega a 70%. Essa é nossa demanda”.

Bolívia: Tipnis no meio do caminho

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“Acredito que o Tipnis é a definição do presente e do futuro, não apenas da Bolívia, mas de uma grande parte dos povos que lutam para que a humanidade não se destrua”

Talvez a melhor maneira de apresentar Oscar Oliveira seja lembrando que, em 2000, ele foi um dos articuladores da Guerra da Água. No episódio, indígenas, camponeses e trabalhadores urbanos conseguiram desprivatizar o serviço de abastecimento de água na cidade de Cochabamba. Junto com a Guerra do Gás, a Guerra da Água abalou a política boliviana no começo do século e mudou a correlação de forças sociais do país. Como consequência, anos depois, Evo Morales seria eleito presidente.

Naquele então, Oscar, como ele mesmo diz, era apenas um operário. Mas, depois de lutar contra a ganância empresarial sobre um recurso que, acredita, é um direito humano, Oscar passou a ser também um lutador social. Já participou de debates ao lado do escritor uruguaio Eduardo Galeano, no Fórum Social Mundial de 2005, e foi convidado pelo presidente Evo Morales para assumir o Ministério da Água. Negou-se, preferindo continuar na militância popular. Pode ser que já tinha previsto o que aconteceria mais para frente.

Então apoiado e idolatrado pela população, hoje Evo Morales se encontra numa delicada situação política. O motivo é a estrada que o líder aymará quer construir sobre a Terra Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis). Oscar Oliveira está participando da resistência — que ganhou adeptos após a violenta repressão da polícia contra a marcha indígena que se desloca à capital, La Paz — e conversou conosco a respeito. Em poucas palavras, ele toca nos pontos nevrálgicos que rodeiam o projeto: IIRSA, cocaleros, destruição ambiental e modelos de desenvolvimento. Sem esquecer, claro, a incoerência do discurso oficial.

Quais os interesses em disputa no Tipnis? Existem cocaleros na região? São aliados ou inimigos políticos dos indígenas?

Sim, existe uma invasão cocalera na região. Aliás, os cocaleros do Tipnis estão pressionando Evo Morales para legalizar seus assentamentos, que obviamente são ilegais, pois há várias leis que protegem a conservação do parque — que também é um território indígena. Tipnis quer dizer Terra Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure, porque seus limites geográficos estão definidos por dois rios: o rio Isiboro e o rio Sécure. É uma reserva protegida.

Além disso, a região — o coração do Tipnis, que seria atravessado pelo trecho 2 da rodovia — é rico em gás, petróleo, madeira e outros recursos naturais que já foram loteados por empresas brasileiras, como a Petrobras, e a francesa Total. O Brasil está muito interessado numa estrada para transportar sua produção ao continente asiático, principalmente à China.

Estes projetos formam parte da IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana). Você pode procurar na internet e ver quantos projetos de saqueio existem para atender os interesses de grandes transnacionais e que estão sendo executados em parceria com os governos “progressistas” da Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Argentina. Existe um banco brasileiro com negócios aqui, mas que também tem megaprojetos no Equador e Peru. Esse banco é a ponta de lança para os interesses que chamamos “novo imperialismo brasileiro”, ao qual o governo boliviano se subordinou totalmente.

Se o governo continua incentivando o cultivo da folha de coca no Tipnis, esta coca irá ao narcotráfico e haverá uma depredação total do território. Até porque já existe um excedente de produção. Atualmente, o número de cocaleros na região é 1,5 vezes maior que o de indígenas — ou seja, já são 9 mil. A coca está sendo produzida com agrotóxicos para baratear os custos de mão de obra na colheita. Em cinco anos, os solos se empobrecem e é necessário conseguir novas terras. Por isso, os cocaleros querem ocupar o Tipnis. As consequências serão terríveis, não apenas para os indígenas, mas também para a biodiversidade.

Quais os argumentos a favor e contra a construção da rodovia passando pelo Tipnis?

Acredito que, no fundo, os argumentos favoráveis e contrários à construção desta estrada no Tipnis deu visibilidade e confrontou duas concepções diferentes do que se conhece como “desenvolvimento” ou bom-viver, um dos conceitos pregados pelo governo Evo Morales. Existe um discurso demagógico — como o do presidente — que assume a defesa dos direitos da Mãe Terra em fóruns internacionais, mas dentro do país faz o contrário, entregando nosso território e suas riquezas à voracidade das transnacionais para que continuem saqueando nossos recursos, como fazem desde a época da Colônia, seguindo um modelo de destruição. Existem, também, as exigência de nossos povos em estabelecer um novo modelo econômico e social, que talvez ainda não esteja estabelecido com nitidez, mas temos certeza de que precisamos de algo diferente do que existia com os governos neoliberais.

Então, acredito que o Tipnis é a definição do presente e do futuro, não apenas da Bolívia, mas de uma grande parte dos povos que lutam para que a humanidade não se destrua, que a Pacha Mama não seja ferida de morte. Aqui dizemos: a Pacha Mama é eterna, os Estados e governos, não. Isso é verdade. Ou você é filho da Terra, e vive, ou é filho do sistema, e morre. A luta contra essa estrada já possui uma dimensão de vida, que vai além do econômico, político, financeiro ou técnico.

Como estão as manifestações em Cochabamba? Quais setores da sociedade estão mais ativos?

Acredito que, em Cochabamba e em todo o país, começaram a mobilizar-se setores da classe média, sobre tudo jovens, não apenas para apoiar os indígenas, mas contra a soberbia e o desprezo que o governo tem dedicado às demandas e iniciativas de autonomia. Isso é grave. Há também personalidades importantes na luta, como Alejandro Almaraz, que até um ano e meio atrás era vice-ministro de Terras do governo Evo Morales.

PS. Este post passou por uma correção no dia 17/10. Ao contrário do que informava anteriormente, a Guerra da Água aconteceu em 2000 — e não em 2003.

CEMITERIO

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Milhares de peixes apareceram mortos hoje (13) nas praias do Galeão e São Bento, na Ilha do Governador, zona norte da cidade, próximo da entrada para o Aeroporto Internacional Tom Jobim. Os peixes encontrados boiando na Baía de Guanabara são da espécie “boca-torta”, que, devido ao baixo valor de comercialização, comumente são descartados no mar por barcos pesqueiros.
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O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que, em virtude de denúncias de mortandade de peixes nas proximidades do Galeão, realizou nesta quarta-feira uma vistoria na Praia do Galeão e na Ilha do Governador.

Os técnicos constataram a presença de lixo na água e na areia da praia e quantidade considerável de peixes mortos conhecidos como sardinha “boca-torta”. Esta espécie, por seu baixo valor comercial, costuma ser objeto de descarte por barcos comerciais pesqueiros, conforme já verificado nesta mesma região em outras ocasiões.

Além do lixo flutuante, a vistoria não constatou outras anormalidades visuais na água. Foram coletadas amostras de água para análise em laboratório, conforme é rotina nesses casos. O resultado será divulgado em cinco dias.
Foto: Marcello Dias / Futura Press

De acordo com a Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb), a maioria do pescado ainda não chegou à areia das praias da Ilha do Governador. Por isso, a remoção ainda não foi iniciada.

A maré está levando boa parte dos peixes mortos para a Praia de Ramos, também na Baía de Guanabara, onde 11 homens da Comlurb fazem a remoção com auxílio de dois caminhões e pás mecânicas. O trabalho de remoção deve continuar amanhã (14) até que as praias estejam completamente limpas.

LHAMAS

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lhama em BH

A lhama é um animal exôtico e dificilmente encontrado em países tropicais. Contudo, não impossível, já que o animal foi visto nas ruas de Belo Horizonte.

O publicitário e empresário Stephano Fárias passava pelo bairro Estoril, região Oeste da capital, na manhã desta sexta-feira (11), quando viu o animal silvestre. Ele não hesitou: parou o veículo e fez um registro da lhama – até para provar que não estava louco ao contar a história.

“Fiquei surpreso, uma cena realmente inusitada. Pensei que tivesse sonhando, até porque não é todo dia que se vê uma lhama na rua”, contou.

Autorização

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) explicou que qualquer pessoa pode criar lhama, desde que tenha feito a compra de uma pessoa autorizada, mediante nota fiscal. O órgão, contudo, informou que não ser responsável por animais de criadouro e, por isso, não tem estatísticas de quantas lhamas são mantidas em BH.

A reportagem do Hoje em Dia não conseguiu contato com a Polícia Militar de Meio Ambiente para esclarecer sobre a origem do animal flagrado na capital.

Dócil

De origem andina, a lhama é geralmente criada por famílias em países como o Peru, Bolívia e Equador. O animal silvestre vive em média 24 anos e, segundo especialistas, é dócil.

H2O

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Começou como uma brincadeira, mas o assunto é muito sério. Uma empresa canadiana que comercializa ar fresco engarrafado esgotou em apenas quatro dias o primeiro “stock” para a China, o país mais poluente do mundo. Pequim, aliás, emitiu a 8 de Dezembro, pela primeia vez na história, um alerta vermelho devido à situação ambiental.

A Vitality Air foi fundada no ano passado em Edmonton por brincadeira, como contou ao “Telegraph” Moses Lam, que fundou a “start-up” com Troy Paquette. Tudo começou quando os canadianos colocaram à venda no Ebay um saco de plástico cheio de ar. O primeiro leilão rendeu-lhes pouco mais de 50 cêntimos, mas o segundo saco já foi vendido por cerca de 150 euros. “Foi quando percebemos que há um mercado para isso”, disse Lam à publicação inglesa.

A empresa comercializa garrafas de oxigénio e de ar puro recolhido nas Montanhas Rochosas (em Lake Louise e Banff) na América do Norte, para a Índia e para o Médio Oriente, mas hoje é a China o seu maior mercado externo. E as vendas começaram há menos de dois meses. “O nosso primeiro carregamento de 500 garrafas de ar fresco foi vendido em quadro dias”, relata o empreendedor. A caminho estão mais quatro mil garrafas, a maioria já previamente compradas. O grande desafio é, agora, continuar a responder à elevada procura, até porque cada garrafa de ar fresco é enchida manualmente. Segundo a “CNN“, é o próprio Lam que, de quinze em quinze dias, faz uma viagem de quatro horas até ao Parque Nacional Banff e passa as dez horas seguintes a engarrafar ar.

Não se pense que é barato. De acordo com o site da empresa, uma garrafa de 7,7 litros de ar fresco ronda os 21 euros, enquanto que uma de três litros ronda os 12 euros (fora portes de envio). Percebe-se, por isso, por que é que são as mulheres chinesas com elevado poder económico as principais clientes, adquirindo estes produtos para as suas famílias ou para oferecerem como presentes. “Na China, o ar fresco é um luxo, algo muito precioso”, conclui, ao “Telegraph”, Harrison Wang, representante da empresa no país.

O “Telegraph” lembra que esta não é a primeira vez que se vende ar puro no país. No ano passado, o artista Liang Kegang arrecadou cerca de 700 euros por um frasco de vidro com ar que recolheu em Provence, França. E, já em 2013, um multimilionário chinês começou a vender latas de ar oriundo supostamente de zonas menos industrializadas do país: em dez dias, foram compradas 8 milhões.

SOBRE TRABALHAR NO FUTURO

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Enquanto era escrito o texto que você lê agora, surgiam na linha do tempo das redes sociais fotografias tingidas de vermelho: registros da tradicional Tomatina, a festa do tomate na Espanha. A “guerra” ocupa as ruas da cidade de Buñol uma vez por ano, sempre na última quarta-feira de agosto. As pessoas jogam tomate umas nas outras e depois tomam um banho ali mesmo. Parecem todas muito alegres. O fruto usado como munição é esmagado antes de ser arremessado, para não machucar ninguém, e os organizadores dizem que a variedade é cultivada especialmente para a festa. A batalha teve início há mais de setenta anos e virou atração turística da cidade valenciana.

Mesmo que os tomates sejam cenográficos, para muitos que observam a cena de fora é difícil não pensar em desperdício. Jogar comida pela janela, lavar a calçada com o esguicho de mangueira. Quem se esforça minimamente para entender o momento que vivemos sabe que algumas ações, mesmo se praticadas como exceção, parecem não ter lugar. Outras, por outro lado, são importantes e há pessoas que, incomodadas com a desconexão do homem e o meio ambiente e preocupadas com o futuro, agem a favor delas.

É verdade que muitos desses indivíduos, hoje, andam como se estivessem no mar, com a água na altura dos joelhos. É difícil, precisa de certo esforço. E não se tem notícias de grandes empresas em escancarada procura por profissionais ‘sustentavelmente engajados’, sobretudo em tempos de crise. Há os que conseguem trabalho em ONGs de causas socioambientais, instituições que lidam com políticas públicas, educação (é importante ensinar para mudar), escritórios de arquitetura e urbanismo ou de novo aquelas que de um jeito autônomo, mas integrado à vizinhança, começam a plantar para consumir e até vender para restaurantes, escolas e consumo doméstico. Quem tem conhecimento de sustentabilidade, porém, vai ser cada vez mais requisitado e valorizado, porque os problemas relacionados à água, aquecimento global e diversas mudanças no clima são reais e temos de lidar com eles – sua compreensão no planejamento das cidades é fundamental para prevenir e mitigar os riscos.

Os que acham que um texto sobre profissão do futuro só faz sentido se falar de emprego e dinheiro no bolso, trazendo respostas bem objetivas (o que vou estudar, aonde vou trabalhar e quanto eu vou ganhar), provavelmente já desistiram há alguns parágrafos. Aos que ficam: escolhemos encerrar esta série de treze reportagens com uma reflexão de formação social, comportamento e atitude.

Decidimos usar como fio condutor a agricultura urbana, porque é urgente nas cidades a ação de pessoas sintonizadas com o meio ambiente e seus processos naturais e sociais. A produção agrícola pequena, perto dos centros urbanos – ou dentro deles – é uma coisa boa. “A profissão do agricultor voltado à agroecologia vai crescer cada vez mais, porque na agricultura convencional você pega a sementinha da empresa X, com o adubo da empresa Y e o defensivo químico da empresa Z e teoricamente vai produzir seu alimento cheio de veneno. Mas vai causar sérios danos à saúde de quem aplica e de quem consome e vai acabar destruindo e degenerando cada vez mais a terra. Nesse sistema é muito simples de plantar. Já o agricultor que leva em conta o cuidado com a terra e o meio ambiente precisa ter um conhecimento muito grande de como fazer o adubo, a compostagem, e as pragas acabam sendo um indicador do que está faltando na horta e tem de desenvolver tecnologias sociais para combater sem usar química”, diz o consultor e coordenador de projetos de sustentabilidade Samuel Gabanyi. “Os engenheiros agrônomos vão ajudar na conversão de uma agricultura convencional para a orgânica e melhorar a produtividade. Depois, provavelmente, virão os urbanistas. As pessoas que planejam a cidade hoje não têm na cabeça a importância da agricultura urbana e você vai precisar cada vez mais dela.”

Por que a agricultura urbana é importante? – Produzir e comprar localmente significa aproximar produtores e consumidores e fazer girar a economia local. Além de diminuir as distâncias, evita desperdício (consumo consciente), gera menos poluição (menos transporte) e lixo (embalagens especiais) e contribui para a qualidade de vida. O agricultor vive melhor sem o uso agrotóxicos. O consumidor se alimenta melhor com orgânicos e locais e o meio ambiente tende a ficar mais confortável. A biodiversidade agradece e, ao redor das hortas, as pessoas se encontram e convivem e colocam energia em um projeto cheio de significado. E tem mais: elas colocam a mão na terra, plantam, entendem e acompanham de perto o ciclo produtivo. Há benefícios sociais enormes em torno do engajamento e da atividade.

“Praticar agricultura urbana é produzir alimentos dentro da cidade. Frutas, legumes, verduras, hortaliças e animais. Ao comprar diretamente do produtor, sem intermediários, o produtor recebe mais dinheiro e o comprador paga mais barato. Não tem necessidade de transporte poluidor de longa distância nem de nenhuma embalagem complexa”, diz Gabanyi. “Além disso, o alimento é fresco e de verdade, orgânico, não é comida de caixinha cheia de ingredientes que, quando você lê, não entende o que está escrito. O alimento que vem de longe perde nutrientes até chegar na sua mesa. A agricultura urbana, seja na pequena horta comunitária, seja em espaços maiores, promove a regeneração da biodiversidade, superimportante para os ciclos da natureza. Ela atrai borboletas, besouros, joaninhas, abelhas. E também ajuda a diminuir as ilhas de calor na cidade. Com o aumento das áreas verdes, a temperatura fica mais agradável, o ar mais limpo, visualmente mais bonito, a horta vira espaço de lazer e conforto.”

Gabanyi tem 33 anos, formou-se em administração pública e fez o primeiro estágio na ONG Banco de Alimentos, que arrecada produtos bons para o consumo e que seriam jogados fora e os entrega em creches, asilos, instituições de caridade, orfanatos. “Foi um choque de realidade quando eu comecei a conhecer muito a periferia da cidade e todos os dias vendo pessoas que passam fome e eu sempre tinha um prato de comida na minha frente. Acho que isso me cativou bastante. Comecei a ver que tinha alguma coisa errada nessa lógica: como tem gente jogando alimento no lixo, se tem quem precisa dele? A partir disso já são quinze anos trabalhando com projetos na área social ou na área ambiental e com a certeza de que a gente precisa agir em conjunto com o meio ambiente e não como soberano dele.”

Produzir e comprar localmente significa aproximar produtores e consumidores e fazer girar a economia local

Produzir e comprar localmente significa aproximar produtores e consumidores e fazer girar a economia local Foto: Reprodução

No meio do caminho, Gabanyi, que já frequentava horta comunitária e cultivava em casa, entrou para a formação do MudaSP, organização sem fins lucrativos voltada para a agroecologia em espaços urbanos. “Cada pessoa tem, por enquanto, um outro emprego e é voluntário na organização. Atualmente, cerca de quarenta participantes têm alguma ligação com o movimento. Desses, catorze formam o grupo gestor, cuidando do planejamento e da gestão de projetos no dia a dia. Tem arquiteto, biólogo, administrador, gestor ambiental, permacultor e pessoas de marketing, comunicação, jornalismo e design. Não temos gastos, não há despesa fixa.”

Por onde começar e o que fazer – As hortas comunitárias são um ponto de partida para projetos de agricultura urbana e relacionamentos mais saudáveis com os espaços públicos. Além disso, cada profissional pode direcionar as atividades, em sua própria área de atuação, nesse sentido. Ao erguer um prédio, o arquiteto e o engenheiro vão pensar em um pomar vertical, no uso da ventilação cruzada para promover mais conforto térmico e usar menos o ar condicionado, na luz natural e nos telhados. “A quantidade de telhado que temos em São Paulo para fazer hortas é enorme. São metros e metros quadrados de área que podem ser plantados. Os próprios urbanistas, as pessoas que fazem o planejamento da cidade têm que começar a levar isso cada vez mais em questão, aumentar o número de áreas verdes, porque cidades mais sadias têm população mais saudável. A indústria têm de entender seus impactos ambientais e a própria população têm de incorporar os conceitos de sustentabilidade”, diz Gabanyi.

Educar para a sustentabilidade – Levar hortas e educação ambiental para as escolas é outro gesto fundamental para promover a agricultura urbana. E surge como área de atuação importante. A dificuldade é conseguir apoio para essas ações. “O paulistano está muito desconexo não só dos ciclos da natureza, mas da questão do alimento. Como é o plantio, o preparo, de onde vem, para onde vai, qual é o impacto disso. Ele chega, come, joga fora e vai embora”, avalia Gabanyi. “Hoje em dia, ainda se fala em profissional da área de sustentabilidade como uma função específica. O certo seria que todos os profissionais de todas as áreas tivessem conhecimento de sustentabilidade. A primeira área da empresa que sofre cortes é essa. Não é prioridade, sobretudo na crise. Enquanto todas as profissões não incorporarem essa questão de sustentabilidade, a necessidade de levar em conta o meio ambiente e seus processos naturais e o lado social, estamos fadados ao caos. A mudança acontece quando a sustentabilidade estiver incorporada em tudo.”

SAMARCO – BARRAGENS E ECOSSISTEMA

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  • Christophe Simon/ AFP

O equivalente a quase 25 mil piscinas olímpicas de lama foi despejado nas redondezas próximas à barragem que se rompeu na cidade de Mariana, em Minas Gerais.

A mineradora Semarco (responsável pelo local) garantiu que não há nada tóxico nos 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro liberados durante o acidente.

Mas especialistas ouvidos pela BBC Brasil afirmaram que, apesar de o material não apresentar riscos à saúde humana, ele trará danos ambientais que podem se estender por anos.

“Comparado ao mercúrio, por exemplo, esse rejeito não é tóxico, já que é formado basicamente por sílica. Ninguém vai desenvolver câncer, nada disso. O risco não é para ao ser humano, mas para o meio ambiente”, disse o professor de geologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Cleuber Moraes Brito, que é consultor na área de meio ambiente e mineração.

“Essa lama avermelhada deve causar danos em todo o ecossistema da região, impactando por anos seus rios, fauna, solo e até os moradores, no sentido de que o trabalho deles, como a agricultura, pode se tornar impraticável.”

Os danos ao meio ambiente no entorno da barragem podem ser, a grosso modo, químicos ou de ordem física.

O primeiro diz respeito à desestruturação química do solo, não só pelo ferro, mas também por outros metais secundários descartados durante o processo de mineração.

Segundo Cleuber, esse solo recebe uma incorporação química anormal, já que o resíduo tem excesso de ferro, que pode alterar o pH da terra.

Já o impacto físico dos rompimentos dizem respeito à quantidade de lama – e não à composição.

“O problema não é o material em si, mas o fato de a lama ter coberto a região, soterrando a vegetação”, diz Mauricio Ehrlich, professor de geotecnia da COPPE, da UFRJ.

“Esse resíduo é pobre em material orgânico, ou seja, não favorece o crescimento de vegetação. Assim, o que acontece é que essa lama vai começar a secar lentamente, criando uma capa ressecada por cima do solo, dificultando a penetração de água. E, por baixo, esse solo segue mole.”

Maurício afirma ainda que, além do solo infértil, outro impacto ambiental está relacionado aos rios da região. Com o vazamento, os sedimentos vão sendo arrastados e se depositando nos trechos onde a corrente é mais fraca.

Isso prejudica a calha dos rios, que podem ser assoreados, ficarem mais rasos ou até terem seus cursos desviados.

Outro risco é o de que muitas nascentes sejam soterradas.

Esse impacto nos recursos hídricos também afeta sua fauna, especialmente peixes e microrganismos que compõem a cadeia alimentar nos rios.

“Mudança no perfil do solo, impacto nos recursos hídricos, na fauna. Quanto tempo a natureza vai demorar para assimilar tudo isso?”, questiona o geólogo da UEL.

Segundo ele, apesar de ainda ser cedo demais para se ter essa resposta, é possível dizer que um programa para resgatar a área degradada em Mariana dure cerca de 5 a 10 anos.

Os especialistas salientam que é preciso fazer um levantamento do impacto, sendo que uma das primeiras medidas reais será retirar a lama o quanto antes, especialmente por meio de escavação.

DESCONTO VEREDE (APOS 20 ANOS)

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Sancionada há mais de 20 anos, somente agora uma lei municipal que garante a preservação do meio ambiente na cidade poderá ganhar eficácia real. Um aviso na próxima guia do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) informará aos moradores de Belo Horizonte que, caso tenham uma extensa área verde preservada no quintal de casa, poderão ser premiados com isenção da taxa.

Na teoria, a medida existe desde 1993. Mas é desconhecida pela população: apenas oito donos de chácaras e sítios foram beneficiados pela lei em todo esse tempo. Junto à prefeitura, criaram Reservas Particulares Ecológicas (RPEs), comprometendo-se a cuidar da natureza por pelo menos 20 anos. Outros quatro terrenos estão em análise, podendo integrar o grupo nas próximas semanas.

Menos que o ideal

A própria prefeitura admite que o número atual de reservas não faz jus ao tamanho da capital. Na tentativa de mudar o cenário, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) iniciou um amplo projeto de divulgação, afirma Márcia Moura, gerente de gestão ambiental do órgão.

Além da veiculação nos boletos do IPTU, foi feito um mapeamento aéreo de BH que identificou os pontos onde há resquícios de vegetação.

“Mais de 20 áreas têm potencial para se tornar RPEs. Já existe um cronograma de visitas que devem começar ainda em 2013. Um trabalho corpo a corpo, batendo na porta do proprietário para tentar convencê-lo a fazer parte do projeto”.

A meta é a de que pelo menos uma nova reserva seja criada a cada ano. Não é tão fácil, porém, atingir o objetivo.

“Os critérios são muito rigorosos. Além disso, a especulação imobiliária é muito forte hoje, podendo impedir que algumas pessoas se disponham a cuidar de uma área que poderia ser vendida”, comenta Kênio de Souza Pereira, presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais.

Por outro lado, ele vê na lei uma saída para conter o avanço desenfreado de desmatamentos que, pouco a pouco, acaba com as áreas verdes remanescentes na capital.

Vantagens

“Belo Horizonte já teve o título de ‘cidade jardim’. Hoje, salvo alguns parques, não temos espaços significativos onde a natureza foi preservada”, lamenta Aluizio Durço Bernardino, mestre em turismo e meio ambiente e professor da faculdade Una.

Mas quem tem o privilégio de viver próximo a uma área protegida, mesmo que pequena, usufrui dos benefícios que o verde traz.

“A presença de árvores interfere no microclima de uma região. Melhora a qualidade do ar, embeleza, ameniza ruídos. É uma iniciativa louvável”

Santuários guardam espécies de fauna e flora

Conhecido como Condomínio Veredas, um terreno no bairro Nova Pampulha, na zona Norte, foi pioneiro na iniciativa. Há 19 anos, a área de 15 mil metros quadrados se tornou reserva particular ecológica que abriga nascentes, rica flora e diversas espécies de animais.

Os guardiões são os próprios moradores. Dentre eles, Jairo Rômulo da Silva. Em 1979, ele comprou o terreno com 11 amigos. Parte do lote foi usada para construir casas e área de convivência. Décadas depois, faz questão de cuidar do verde que ainda existe no local.

“No ano que vem, vamos renovar o contrato. Já recebemos a visita de técnicos da prefeitura, que ficaram impressionados com o trabalho de preservação que fazemos aqui”, afirma Luiz Henrique França Alves da Silva, filho de Jairo.

Com 80 anos, Priscila Freire também mantém, sozinha, uma área de 50 mil metros quadrados no bairro São Bernardo, também na zona Norte.

Dona da Chácara Santa Eulália desde a década de 70, ela viu matas vizinhas serem destruídas para dar lugar a casas e prédios, mas não abriu mão de preservar o ambiente que tinha perto de si.

“Meu pai plantou muitas árvores quando comprou o terreno, nos anos 30. Desde que moro aqui, plantei outras 200. É o meu refúgio”.

Critérios específicos

As leis municipais 6.314 e 6.491, de 1993, dispõem sobre a instituição de reservas particulares ecológicas e os benefícios que os moradores ganham como contrapartida por preservar o meio ambiente.

Será reconhecido como reserva ecológica o imóvel com condições naturais primitivas ou semiprimitivas recuperadas ou cujas características justifiquem ações de recuperação, pelo aspecto paisagístico.

Donos de terrenos assim devem procurar a Prefeitura de BH. Após uma visita, será emitido parecer técnico informando se a área atende às exigências previstas em lei. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é responsável pelo parecer final.