SOUS LE PAVE, A FLORESTA

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árvore pata de vaca Bauhinia - árvores de São Paulo 1 - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

Árvore comum na arborização de São Paulo, e geralmente exigente quanto as condições de solo, uma pata-de-vaca (Bauhinia blakeana) cresceu na junta de dilatação do movimentado viaduto de acesso da Marginal do Rio Pinheiros a Avenida dos Bandeirantes, Zona Sul de São Paulo.

Não conheço outro exemplar da espécie vivendo “nas alturas” como esse, e ainda mais adulto e florescendo. Essa espécie é originária de Hong-Kong e suas flores lembram orquídeas, sendo muito ornamentais. Na Mata Atlântica temos uma árvore do mesmo gênero, a B. forticata, de flores menos vistosas e com a cor branca.

árvore pata de vaca Bauhinia - árvores de São Paulo - foto de Ricardo Cardim - direitos reservados

SOBRE HORTAS COMUNITÁRIAS

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Depois de trabalhar mais de 15 anos com projetos de desenvolvimento social, Alejandra Martin, 44, mexicana radicada nos EUA há 32 anos, decidiu tirar um ano sabático para se dedicar à agricultura urbana. Ela viveu em vários lugares do mundo por causa de seu trabalho, mas usou o cultivo de alimentos para criar raízes em um lugar: San Francisco, na Califórnia.

Fez dois cursos sobre o tema e hoje atua como voluntária em uma horta comunitária. Também faz parte de um grupo que debate as políticas de agricultura urbana na cidade em que mora.

Alejandra é parte de um movimento crescente em metrópoles americanas, impulsionado pela preocupação com um estilo de vida mais saudável em cidades como Nova York e San Francisco.

“As pessoas estão mais preocupadas com a origem de sua comida, mas há também outro movimento, social, pelo qual muitas organizações estão utilizando a agricultura como meio de se conectar com a juventude e diminuir os índices de criminalidade”, diz Alejandra.

Um estudo da organização Design Trust for Public Space, focada em projetos para o espaço público, aponta que em 2013 havia 900 pequenas fazendas e hortas na cidade de Nova York, cultivando alimentos e criando pequenos animais, como galinhas e abelhas. O número representa um aumento de 28% sobre os dados de 2012.

A tendência é que esses espaços, construídos em locais como jardins de escolas, coberturas de prédios e terrenos vazios, continuem crescendo, segundo Susan Chin, diretora da organização.

“Há novas iniciativas de conectar essas hortas a supermercados locais. Ligar a fonte da comida à distribuição. As crianças estão tão envolvidas que não parecem que moram na cidade”, disse.

Apesar do espaço limitado em San Francisco, Alejandra afirma que o movimento ainda tem como se ampliar.

A cidade não tem cultivos em coberturas de prédios, o que pode ajudar na expansão. “Nas hortas públicas que temos, há uma lista de espera para que as pessoas tenham acesso a seu próprio espaço de cultivo”, diz.

É A ECONOMIA

Governos locais também estão interessados na onda de agricultura urbana. Em Nova York, a prefeitura criou um programa para ensinar como fazer compostagem.

Na Califórnia, uma lei estadual dá descontos em impostos a donos de terrenos não utilizados que transformem esses espaços em hortas comunitárias.

“Economicamente é muito bom para a comunidade. As pessoas aqui têm dificuldade de pagar o aluguel, e damos a oportunidade para que cultivem a própria comida”, diz Raymond Figueroa-Reyes, diretor da horta comunitária Friends of Brook Park, no South Bronx (NY), o distrito mais pobre dos EUA.

Além de ceder o espaço aos vizinhos, o jardim leva estudantes de escolas públicas para aprender a trabalhar na horta. Há também um acordo com autoridades locais para que jovens que cometem delitos leves prestem serviços no local.

O projeto East New York Farms, no Brooklyn, tem um programa de estágio que treina, anualmente, 33 jovens durante nove meses.

“O curso é sobre cultivo, mas também queremos desenvolver habilidades de trabalho e de atuação na comunidade”, diz David Vigil, diretor do projeto.

O East New York Farmers gerencia duas fazendas que, juntas, produzem quase quatro toneladas por ano de alimentos, vendidos para ajudar a manter o projeto.

“Houve grande crescimento na procura pelo que vendemos e percebemos um aumento do interesse pelo cultivo de produtos saudáveis.”

QUEIMA DOS TRANSGENICOS

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Monsanto es una empresa transnacional de semillas (de la que es accionista la familia Rockefeller)  que quiere germinar los cultivos del mundo con su marca. No conforme con contaminar la mayoría de los campos de siembra  de soya estadounidense con cepas transgénicas, ahora quiere hacer patria en diferentes territorios agrícolas del mundo.

monsantocornfields

En Hungría está prohibido el ingreso y comercialización de semillas OMG (Organismos Modificados Genéticamente) de Monsanto y es responsabilidad de los propios comerciantes vigilar que sus semillas no estén contaminadas. Por ello cuando se encuentran plantas contagiadas se debe destruir todo el campo.

Los agricultores húngaros, al notar que semillas transgénicas  fueron mezcladas con las normales sin su consentimiento, decidieron quemar mil hectáreas de plantas de maíz de semillas transgénicas Monsanto.

Por suerte, con esta acción se evitó la contaminación otros cultivos. Al menos, así lo declaró  el secretario de estado adjunto del Ministerio del Desarrollo Rural, Bognar Lajos.

En el 2013, grandes cultivos de maíz transgénico fueron también destruidos, según Global Research.

Ya es conocida, en el mundo de la agricultura, la estrategia que tiene la corporación Monsanto, de contaminar sus semillas modificadas con las normales, y así cobrar las patentes correspondientes. Por ello se ha prohibido la entrada de la semilla en varios sectores, ya que además con la polinización contaminan a otros campos.

A gran escala, la proliferación de la semilla transgénica es un golpe mortal para la agricultura libre que  se ha decidido proteger en paises como Hungría. Eso, al menos por soberanía, debería ser respetado por la corporación.

PARIS E O SENA

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Mayor Anne Hidalgo has announced an “almost philosophical project” to take the famed river’s quayside back from cars.

Image Luxigon
Rendering of a proposed Seine quayside park space. (Luxigon)

Paris seems to be getting less and less motorist-friendly by the day. Following a set of promises to slash diesel usage, extend lower speed limits and bar polluting cars from the city core, Mayor Anne Hidalgo this week announced a plan to thoroughly reclaim the quayside on the right bank of the River Seine for pedestrians. With cars already banished from a long strip of the Left Bank, the Seine in central Paris will as of summer 2016 be entirely encased within two lush, motor-free parkland buffers. Sounding more French than ever, Hidalgodescribed the plan as “an urban, almost philosophical project, which consists of seeing the city in another way than through the use of cars.”

This is about far more than making things tough for drivers, however. The space freed up from redirecting cars will be broad enough to create a wide promenade, shaded by trees and with space for children’s playgrounds and sports facilities. Covering up to 3.3 km kilometers in total*, this green border will create up to 1.4 acres of new parkland while simultaneously reducing pollution. Judging by the renderings available, it’s going to look and feel delightful. The plan will also correct one of the worst planning mistakes Paris made in the 20th century (more of which later) and, perhaps best of all, probably cost no more than €8 million ($9 million).

Exactly how long the new quayside park will extend is still up for grabs until a public consultation this June decides on one of two plans. One plan covers a modest 1.5 kilometers, pedestrianizing the stretch between the eastern end of the Ile St. Louis and the western tip of the Ile de la Cité. The other is far larger, creating an additional 3.3 seamless kilometers of car-free quayside from the Pont de l’Arsenal (due South of the Bastille) up to where the riverside road plunges into a tunnel at the Tuileries Gardens, where the quay is already for walkers and cyclists only.

Sections of the lower quays of the Seine will be transformed into pedestrian promenades. (Luxigon)

That this is possible without snarling Paris traffic terribly is due to the Seine’s distinctive double-tiered embankment. The Seine actually has two separate lines of quayside. One stands above the river at street level and the other is right down on the water, sunk below high walls that separate it from the rest of the city. These two levels created a split personality for the river as it was steadily formed by embankment from the 17th century onwards. While the upper level became an attractive, salubrious promenade populated by strollers and booksellers’ stalls, the lower bank remained a commercial affair where barges offloaded their cargo.

This changed in the 1960s when, pursuing what was then considered good policy, Parisian planners started looking for new ways to speed cars into the city center. The existence of the un-built lower quays must have seemed miraculous back then—Paris could find space for four new traffic lanes without even having to demolish a single building. Certainly, converting them into roads was a lot less destructive than what took place in other cities, so often a slash and burn carving of new motor lanes into the historic fabric. At least the roaring noise the new mini-highways created was muted by being sunk down below embankment walls, while some stretches were actually encased in tunnels. Nonetheless, something was unquestionably lost. Beyond far dirtier air for central Paris, people seeking out the city’s sense of romance found themselves looking down from ancient bridges onto a screeching speedway.

Rendering of a future recreation-focused Seine quayside. (Luxigon)

The long overdue turnaround began in earnest just after the millennium. In 2002, Paris started closing down sections of the quayside to create a temporary summer beach, complete with real sand and sun loungers. Now spread to three sites along the river, the Paris Plages scheme hasn’t just shown how delightful the riverside can be, it has proved that the city could divert motor traffic without kick-starting Armageddon. Taking note, the city barred cars permanently from a long stretch of the Left Bank in 2013 to create a waterside park. The results of this plan are already impressive: 4 million visitors in its first 18 months and a 15 percent reduction in local nitrous oxide pollution.

While this sounds great, opponents point out an obvious pitfall. Closing down motorist routes doesn’t automatically reduce pollution—it can also just displace or intensify it in other places. So what will Paris do if cars banned from the quayside start to clog up other roads even more?  Hidalgo is promising an as yet un-clarified improved public transit offer to help mop things up, but overall she suggests that the best new alternative location for cars may be the scrap yard. Discussing plans for future traffic flow, she had this to say:

“All this is part of a comprehensive policy in which we assume very deliberately that there will be fewer cars in Paris. Therefore in calculating the flow of spillover traffic I don’t project myself into a world where there are as many cars as today. Objectively that will no longer be the case.”

CONDOMINIOS E LICENÇAS

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MP recomenda retirada de licença para construção de condomínio

O Ministério Público de Minas Gerais (MP), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Habitação e Urbanismo, recomendou ao Conselho Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte (Comam) que retire a licença prévia que havia concedido, no início do ano, para futura construção de um condomínio na Mata do Planalto, região Norte da capital. A recomendação foi lida nessa quarta-feira (29), durante reunião do Comam.
Segundo a promotora de Justiça Cláudia Ferreira de Souza, o processo para liberação da licença pelo conselho apresentou falhas, dentre elas a falta de devida publicidade da empresa responsável pelo empreendimento, já que houve mudança da Rossi Residencial para a Petiolare Empreendimentos.
Outro aspecto é que os estudos que basearam a deliberação estariam defasados. “Os laudos da Sudecap, da BHTrans, da Copasa e do parcelamento do solo são todos antigos, o que também impede a avaliação da viabilidade ambiental. Sem a atualização desses laudos, no nosso entendimento é o de que não haveria como fazer a análise de possibilidade de concessão da licença prévia”, explicou.
Agora, a recomendação do Ministério Público será analisada pela Procuradoria Geral do Município e o parecer do órgão segue, então, para avaliação do Comam. O prazo estabelecido para uma resposta do conselho é de 20 dias. Segundo a promotora, caso a licença prévia não seja suspensa, a questão deve ser discutida na Justiça. “No nosso entendimento, a Mata do Planalto deve ser preservada na integralidade dela, pela importância que tem para comunidade do entorno e da cidade toda”, defendeu Cláudia.
O projeto do condomínio na Mata do Planalto prevê a construção de oito torres, de 15 andares, num total de 760 unidades residenciais. A reportagem tentou contato com as empresas citadas, mas não conseguiu retorno.
Associação de moradores teme prejuízos ambientais com o empreendimento
A reunião dessa quarta-feira (29) do Comam foi acompanhada por integrantes da Associação Comunitária do Planalto e Adjacências, que luta para impedir as obras.
Segundo a presidente da entidade, Magali Ferraz, o empreendimento coloca em risco uma região de cerca de 200 mil metros quadrados de mata atlântica, que abriga mais de 20 nascentes de água e o córrego do Bacuraus. “Temos que pensar nas futuras gerações”, apelou.
O subsecretário de meio ambiente de BH, Vasco Oliveira Araújo, contesta a informação. De acordo com ele, a mata tem, oficialmente, duas nascentes e o córrego. Ele ainda reforça que a prefeitura busca preservar e aumentar as áreas verdes da cidade, mas não pode ferir o direito dos proprietários do terreno de construir no local, desde que atendam todas as condicionantes. Segundo ele, a prefeitura ainda conseguiu um acordo com os empreendedores, para que 70% da área seja preservada.

VIDA SELVAGEM NAS CIDADES

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Tall buildings, abundant food sources and a lack of predators make modern cities a natural habitat for many birds and animals

Perching on the side of an old power station chimney with St Paul’s Cathedral to the north and the Shard, Europe’s tallest building, to the east is not where you might expect to glimpse the world’s fastest bird. Yet Tate Modern, and London landmarks including Battersea Power Station and the Houses of Parliament, have been home for several years to peregrine falcons. A surprising flash of the wild in the heart of the city, the powerful bird of prey is also a specialised hunter of feral pigeons, considered such an urban pest that in 2003 a ban was imposed on feeding them in Trafalgar Square.

With cities’ abundant food sources and tall buildings providing a predator-free equivalent of the species’ traditional cliff-side home, the raptor’s success has extended far beyond the capital. Having colonised urban areas from Aberdeen to Cardiff, ecologists now believe it is only a matter of time before peregrine falcons are breeding in every major UK town and city.

“All those born and bred in cities, that’s their habitat that they’ve grown up in. When they’re drifting around the country, they find little towns and cities elsewhere … and that’s what they’re used to,” says David Goode, a veteran ecologist and author of a new book, Nature in Town and Cities. “That’s why I say it won’t be long until they’re in every place.”

The peregrine is just one of many species that have invaded British cities in the last few decades, encouraged in no small part by an urban ecology movement that flourished in the 1980s. “There are those that have done well – pigeons, foxes, gulls – because of our food,” says Mathew Frith, an ecologist and policy director at the London Wildlife Trust. “There are others that have done well without our intervention, such as the black redstart, known as the ‘bombsite bird’ because of its liking for the cover that bomb sites provided.” Then there are the species that benefited from conservation efforts, such as the red kite.

A large bird of prey with a wingspan of nearly two metres, the kite was on the verge of extinction until a wildly successful reintroduction began in 1989. Today there are more than 1,000 breeding pairs in the UK. Frith believes that with kites recorded flying over Hackney, they could be breeding in London in as little as a decade as they expand from existing strongholds, such as Reading. They can also be seen in Leeds city centre, Gateshead, Manchester and Birmingham. It is a long way from past expectations of naturalists. In 1898, ornithologist William Henry Hudson thought it “exceedingly rare” that such raptors would ever return to our cities, following decades of industrialisation and urbanisation.

In the Midlands in particular, the urban wildlife movement grew as industrialisation went into reverse, and nature recolonised derelict land. And it happened despite, not because of, the traditional big conservation groups. “There was a big sand quarry in Birmingham which had wonderful wetlands and great sand cliffs. The local authority in the late 1970s decided it would be a useful landfill site, which triggered very local opposition,” recalls Chris Baines, vice-president of the Royal Society of Wildlife Trusts since 1984 and an ecological adviser to several major developments including the Thames Tideway tunnel.

“The landscape was teeming with newts and frogs but people realised in official circles that didn’t count for anything. The RSPB famously wrote to me to say it was very interesting but there can’t be anything there because it was in the middle of Birmingham.” The site was eventually saved by local people and, in Baines’s retelling, “the penny began to drop” in nature conservation circles that they needed to connect with people, and most people lived in cities.

“This is not a second-rate [version of nature],” he says, as he counts off the owls and woodpeckers that live near his home in Wolverhampton. As Goode outlines in his book, the variety of our cities lends itself to a diversity of species. “Because the city is so heterogeneous, with a great mixture of different ecological conditions, it is not surprising that a considerable variety of wildlife is able to exist.”

In Edinburgh, kestrels hunt voles at Arthur’s Seat. Exotic species such as mandarin ducks and Egyptian geese are on the verge of colonising cities. Kingfishers have brought a splash of colour to grey concrete waterways in gritty urban areas including Deptford, south-east London, and one was even seen regularly in St James’s Park in central London this winter.

Badgers and foxes are now in most major urban areas, aided by a more regular food supply than they can find in the countryside. Deer crowd on city fringes, with numbers high enough in Richmond Park to necessitate a twice-yearly cull. Otters have rebounded and can now be found in every county, and have used waterside wasteland areas and canals to make their way to the heart of cities, such as under Leeds railway station.

Water voles – Ratty in The Wind in the Willows – can be found in Bristol and Newcastle, living happily free of one of their main modern threats, imported American mink. Like the kingfishers, both have been helped by cleaner waterways as the Environment Agency has cracked down on polluters, with the UK racing to meet EU water quality standards.

But this invasion has not been entirely peaceful. There are famously more foxes living in London than there are double-decker buses and, while some people love to see them and leave out food to entice them, others pay snipers to kill foxes for £75 per animal. When a fox reportedly bit off a baby’s finger in its Bromley home in 2013 – surgeons later reattached the finger – mayor Boris Johnson backed a cull of urban foxes, calling them “a menace” and subsequently joking that they could be hunted from bicycles.

Yet experts say fox numbers in the UK are relatively stable. Professor Stephen Harris of the University of Bristol, the authority on the subject, says there are around 33,000 urban foxes. Besides, ecologists argue, killing foxes would be pointless because they are territorial, with a territory of 25 to 40 hectares on average at the smaller end. Kill one, and another simply claims the territory. “Until you manage the food issue, any kind of control is kind of pointless and expensive,” said Frith.

Foxes aren’t the only wildlife that some people want to shoot. James Marchington, a gun sports journalist and owner of the “bird table of doom”, found himself under fire from conservationists last December for publishing a video showing how to shoot ring-necked parakeets in London.

Originally from Asia, the bright green birds have gone from a population of zero to more than 30,000 in less than four decades, and are now found in London, Manchester, Birmingham and Oxford. The invasive species has the potential to be a serious agricultural pest by stripping fruit crops – if it can successfully expand into rural areas from the urban strongholds it has colonised. In 2010, they were added to the general licence, a list of birds that can be killed without a permit if they are causing significant damage to crops.

“Though the critics of my video chose not to notice, I did have a specific problem with a small number of individual birds who’d taken a liking to the apple trees in my garden … as I understand it, that’s covered by the general licence,” said Marchington, who lives on the outskirts of London, in Surrey. “I’ve grown up surrounded by shooting in the countryside and wildlife management comes naturally to me; that’s what you do.”

The RSPB disagreed, condemning the video, which, it argued, showed a leafless tree without a crop and wouldn’t justify shooting under the general licence. Marchington, who keeps chickens and feeds birds in his garden, said “we are all hypocrites” when it comes to animals. He said the reaction to the video spoke volumes about conflicted modern attitudes to wildlife. “I think people today are disconnected to nature, and yet still have a hankering to get closer to nature. That manifests itself in people going hiking at weekends or doing bushcraft. But they find it difficult to reconcile this idea that they love animals, yet if we’re going to live the way we live [eating meat], they’re [animals] going to need to be killed and we’re going to need to manage wildlife populations [to be free of pests and diseases from animals].”

Animal welfare group Peta called the video “deranged”. Charlie Jacoby, who runs the channel where the video was shown, said in an interview: “Peta lives in this Disney world where all animals and birds are furry and cuddly. I like animals and birds as well but I also see them as pests and I also like to eat them. I think Peta needs to develop more emotional intelligence about wildlife. These birds are pests and government has designated them as such. People who live in towns should be able to manage their animal problems, just as people in the countryside do.”

Another section of society appears to view urban wildlife in a more practical, albeit no less destructive, light: as a potential meal. Ecologists in Sheffield report anecdotes of migrants living rough in the city’s parks catching fish to eat and roasting squirrels. They say eastern Europeans have the skills to catch and safely cook animals. A recent study by the Food Standards Agency and the Food and Environment Research Agency appears to back up those anecdotes, finding growing evidence that more people are eating fish they have caught from rivers and canals. “This may be partly due to the increased numbers of migrants from eastern Europe where this is part of traditional culture and partly because of a desire to try new foods encouraged by celebrity chefs,” the study concluded.

Ecologist David Goode says that while there is an occasional public outcry after isolated incidents of conflict, the British are accepting of urban wildlife on the whole. He attributes the live-and-let-live attitude partly to the country’s long history of conservation movements and amateur naturalists, right back to the city-based natural history societies of the early 19th century.

Another reason for that accepting attitude could be stressed-out city dwellers’ simple self-interest. Ecologists are at pains to stress the mental health benefits of nature in cities, while a major report by the environment department found the health benefits of living with a view of a green space are worth up to £300 per person each year.

Melissa Harrison is in no doubt she’d count herself among those benefiting mentally from being around urban wildlife. Brought up in semi-rural Surrey, she realised she was very unhappy while living in heavily built-up Dalston, east London, but couldn’t put her finger on the reason why. “I went to Devon for a week, and realised that was what I needed,” she said. “I moved south to Clapham – I had no garden but could see a tree out of the window. It had a magpie nesting in it, I could watch the leaves change, I had a connection.”

Inspired by getting a dog and moving next to Streatham in south London, she wrote a well-received novel called Clay about a boy and his connection with wildlife in the city. “Writing Clay was to get other people to notice [nature around them in the city]. You don’t have to move to Dorset, people have it here, they just need to notice it,” Harrison said.

“There’s just the simple fact that we evolved in nature, we’re animals, we’re not separate. You take us completely out of that environment and people feel it as a loss, that’s almost quite wordless. It’s the kind of thing you don’t necessarily notice you’ve lost.”

The capital has been losing the equivalent of 2.5 Hyde Parks a year
But the natural riches in our cities today shouldn’t be taken for granted, observers say. Previous gains could be set back by a combination of planning reforms, pressure for new housing, particularly in the south-east, and austerity measures. The capital has been losing the equivalent of 2.5 Hyde Parks a year to new developments and the paving over of front gardens, according to one analysis. Upcoming local government budget cuts of 10% for 2015-16 are “likely to have further adverse implications for biodiversity conservation”, warns the London Wildlife Trust, which says there has already been a “substantial impact” from previous cuts this parliament.

“The enthusiasm generated in the 80s is still resulting in things being done. But there is a degree of complacency creeping in now,” said Goode. He warns that local authority budget cuts will mean they will employ fewer ecologists, resulting in “a lack of ecological awareness in planning”.

Goode gives the example of former coal yard Camley Street, which is now a small nature reserve in the middle of King’s Cross after a campaign backed by Ken Livingstone and many others stopped it being turned into a coach park. “Nowadays, you wonder whether that kind of thing would happen. There are several instances of things being set up in the 80s, and everyone was full of enthusiasm. I wonder whether they would happen now.”

How wildlife is evolving in cities

Falcons

Wildlife is changing our cities, but our cities are also changing them. Part of the peregrine falcon’s success has been learning to catch birds at night using artificial light, something they would not do in their traditional cliff and mountainside habitat. “That really is Darwinian evolution, a gradual shift of birds becoming aware of a new set of circumstances,” says ecologist David Goode.Those that excel at night hunting could thrive at others falcons’ expense.

Peppered moth

Biston betularia, a moth species, felt the impact of polluted UK cities in the 19th and early 20th centuries, with populations shifting from a white variety with black spots to a wholly black variety, which proved better in avoiding predators on sooty walls This is considered a classic case study of evolutionary pressures in action. But clean air legislation introduced in 1956 made the darker moths suddenly vulnerable in urban areas, leading to their decline. In Cambridge, the darker version is now effectively extinct.

Squirrels

Grey squirrels in cities are more likely to use visual rather than audio signals. US researchers say the behaviour may be a response to higher noise levels in urban environments, leading city squirrels to warn each other of predators using tail flagging more often than calls. Contrary to what scientists expected, urban squirrels were also more reactive to threats than their rural counterparts

Brains

Water vole, Arvicola terrestris, on an urban canal bank in Derbyshire, England.
Water vole ( Arvicola terrestris), on an urban canal bank in Derbyshire, England. Photograph: Duncan Shaw/Alamy
Cotton mice and meadow voles in urban areas have bigger brains, US scientists have found, supporting the theory that the diversity and complexity of cities increases cognition, at least in some species. Other studies have also found that species with bigger brains fare better in cities. “It is logical to conjecture that brain size can be related to the success in an urban environment, which is both novel and harsh,” said the authors of a study of passerines, the largest order of birds.

Birdsong

Several studies have shown that city birds sing at higher pitches than their countryside cousins. A survey, by Rupert Marshall of Aberystwyth University, published in the journal Proceedings of the Royal Society B, found city great tits sing at a higher pitch than those in nearby rural areas to stand out over the lower-pitched rumblings of traffic and other man-made noise. Other studies have concluded that blackbirds sing at a higher pitch because they are able to sing more loudly at higher frequencies.

TRAMA COMPLEXA DA AGROECOLOGIA

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150424-Agroecologia
Como a troca de conhecimentos, técnicas e afetos abre espaço para novo tipo de produção rural, num país onde ainda predomina modelo dos desertos verdes

Por Juliana Dias e Mariana Moraes | Fotos: Mariana Moraes

Cresce o número de agricultores que se interessam por realizar a transição dos sistemas produtivos convencionais para a produção de alimentos em harmonia com a natureza. O incentivo vem de outros agricultores experimentadores e de uma rede de entidades, grupos e organizações governamentais. O crescimento dessas iniciativas está relacionado à habilidade de mobilizar e ativar laços de proximidade presentes no dia a dia das comunidades destes produtores de alimentos saudáveis. O conhecimento acumulado por gerações é a fonte primeira da competência destes agricultores para a preservação dos recursos naturais e inovações na organização produtiva e social. Isso mantém a centralidade da mão de obra familiar e o pertencimento à comunidade.

Os camponeses, com uma cultura fortemente marcada pelos laços territoriais, formam uma população diversificada, com diferentes modos de ocupação do espaço, tradições acumuladas e identidades afirmadas. São agricultores familiares; assentados da reforma agrária; trabalhadores assalariados que residem no campo; povos da floresta (agroextrativistas, caboclos, ribeirinhos, quebradeiras de coco de babaçu, açaizeiros); trabalhadores dos rios e dos mares (caiçaras e pescadores artesanais); comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os diversos tipos de agricultores em situações urbanas e periurbanas. Ao longo do tempo e em espaços diferenciados, prevalece entre esses grupos um traço comum: as lutas pela condição de protagonistas dos processos sociais. Dar visibilidade a essas trajetórias é uma via para reconhecer suas contribuições para a sociedade.

Marcio Mendonça, engenheiro agrônomo, coordenador do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA – Agricultura e Agroecologia, explica que um dos objetivos da instituição é “buscar e fazer com que sejam conhecidas as experiências que indicam outros caminhos para produzir, valorizar a diversidade cultural e manter os vínculos com o território”. Destaca também que além de localizar, a proposta é fazer com que os grupos se encontrem. “Promover a troca, o conhecimento e o intercâmbio dessas experiências estimula a organização e a atuação em rede”, destaca. Esses encontros fortalecem e renovam os espaços institucionalizados como as organizações camponesas, cooperativas e os sindicatos. De acordo com ele, essas instituições passam a incorporar em seu cotidiano o papel de promotores da agricultura familiar. “É preciso dar visibilidade e fortalecer os agricultores familiares como atores políticos para que sejam protagonistas das se discussões entre o governo e a sociedade”, afirma.

Na última década, os Encontros Nacionais de Agroecologia (ENA); as Jornadas de Agroecologia, realizadas no Paraná; o surgimento da Associação Nacional de Agroecologia e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) contribuíram para consolidar algumas convergências que hoje alimentam os processos de articulação do campo agroecológico em suas diferentes expressões.

Redes, articulações, relações

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No Rio de Janeiro, a Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) é uma das experiências emblemáticas desse fortalecimento político. Criada em 2009, a rede reúne mais de 30 organizações para a defesa da agroecologia na cidade. Participam representantes de diversas organizações populares; agricultores, instituições de pesquisa e ensino; agentes governamentais e não governamentais que se percebem com autonomia para essa representação. A rede está vinculada à Articulação de Agroecologia do Estado do Rio de Janeiro (AARJ), ao Coletivo Nacional de Agricultura Urbana, e à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

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Na cidade, os agricultores são ainda mais invisibilizados por um sistema alimentar que afasta o lugar de produção do lugar de consumo, fazendo com que o cidadão perca suas referências sobre outras formas de viver, produzir e comer. Em contraposição a isso, no município do Rio de Janeiro, a Rede CAU atua junto aos quintais produtivos e lavouras. Defende a valorização da agricultura camponesa, o consumo ético e responsável como dimensão de luta campo-cidade e a adequação e acesso às políticas públicas. Essa mobilização social traz visibilidade à agricultura nos espaços urbanos. Com isso, reconstitui seu percurso histórico para o abastecimento do município, reivindica um outro modelo de desenvolvimento agrícola e insere os agricultores camponeses urbanos em espaços políticos estratégicos.

A Rede CAU tem assento do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Município do Rio de Janeiro (Consea-Rio), o qual é presidido pelo agricultor Francisco Caldeira, da Associação dos Agricultores Orgânicos de Vargem Grande (Agrovargem), membro da rede. Também está presente no conselho gestor do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas (CCFO), onde a agricultura urbana é representada em diversas feiras. Outro espaço de atuação da rede é o programa Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, no qual busca estabelecer um diálogo sobre a importância e o valor das famílias agricultoras em Unidades de Conservação. E participou ativamente nas discussões para a elaboração doPlano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), lançado em 2013 pelo governo federal. Na visão de Mendonça, a sinergia do coletivo é capaz de protagonizar a elaboração e as mudanças nas políticas públicas.

Na Carta Aberta intitulada “Sociobiodiversidade e Bem Comum Carioca”, a Rede CAU destaca a “tarefa complexa de enfrentar a invisibilidade”, que muitas vezes encobre a atuação e a voz desses atores sociais. No entanto, ao evidenciarmos as vitórias desses movimentos é possível constatar que estão presentes com autoria e representatividade.

A Rede CAU organizou um grupo do Sistema Participativo de Garantia (SPG), conferido pela Associação dos Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O SPG é uma modalidade de avaliação da produção agroecológica/orgânica mais conveniente para o camponês, obtido pelo controle social e verificação do cumprimento das normas em conjunto com os próprios agricultores, membros fornecedores do grupo, e com a participação de membros colaboradores (consumidores e outras instituições de assessoria técnica). A partir dessa conquista, vários produtores obtiveram seu selo da produção orgânica, incluindo dois quintais urbanos. Com isso, ampliam-se os mercados de venda de seus produtos e, sobretudo, a credibilidade junto ao consumidor. A concretização do acesso à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), aliado ao processo organizativo do SPG, deu a possibilidade de participação destes agricultores na Feira Agroecológica da Freguesia, além de acessar programas governamentais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), fornecendo alimentos para estudantes de três escolas públicas na Zona Oeste do Rio. Assim, o PNAE viabiliza a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável e a possibilidade de reflexão sobre o modelo inadequado de abastecimento da cidade. Essa política pública permite que diferentes abordagens didáticas e educadoras, com foco na alimentação, sejam integradas ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas da rede pública.

Conforme o agrônomo Claudemar Mattos, assessor técnico da AS-PTA, “o certificado da produção orgânica valoriza o sistema de produção sem o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas. A sua emissão pelo Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC), no caso a ABIO, é precedida pela concordância do grupo ao parecer positivo de uma comissão que realiza visitas de verificação nos sistemas produtivos dos agricultores”. As visitas de verificação também têm o objetivo de promover trocas de experiências entre os participantes do sistema e a orientação aos agricultores membros, para que eles possam resolver possíveis não conformidades, ou seja, critérios que impedem a obtenção do SPG.

Os espaços institucionais e políticos se fortalecem com a criação de ambientes informais, como as feiras agroecológicas e eventos de cunho cultural e turístico. Em 2013, a Rede CAU empreendeu a construção de uma feira agroecológica no bairro da Freguesia, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com apoio da AS-PTA e da associação de moradores da região. Outro encontro já tradicional é o dia do Tira Caqui, que acontece há cinco anos, todo dia 21 de abril, em lavouras de caqui existentes no Maciço da Pedra Branca. Essas iniciativas, apoiadas pelo Projeto Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais, realizado pela AS-PTA com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, têm demonstrado a relevância das interações, aprendizados e intercâmbios de saberes entre agricultores e consumidores.

As vitórias da Rede CAU incluem ainda o reconhecimento das Comunidades Cafundá Astrogilda e Camorim como remanescentes quilombolas. A certificação foi conferida pela Fundação Palmares para essas comunidades que também ficam no Maciço da Pedra Branca. “Os pequenos passos vão se alargando e dão consistência”, conclui Bernadete Montesano, que representa o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Cecília Meirelles, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro na Rede CAU.

Outras experiências em rede

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Em Guapimirim, um dos 19 municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os agricultores familiares da comunidade do Fojo organizaram uma Associação de Produtores Rurais (Afojo), em 1997. Mas só foi formalizada em 2007, com a obtenção do certificado SPG. A partir daí foi possível construir uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a criação de uma feira agroecológica no campus Ilha do Fundão, em 2010. Essa oportunidade motivou o grupo a empreender coletivamente para conquistar novos mercados de proximidade. Em 2011, a Afojo iniciou a participação na Feira Agroecológica de Teresópolis; e em 2013 se estabeleceu na Feira Agroecológica de Guapimirim.

No último dia 9 de fevereiro, a Afojo, formada por 15 membros, reuniu-se no sítio do casal Anísio e Clemilda Cesário. O motivo do encontro foi planejar as ações para 2015, com a participação e apoio da AS-PTA e da Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa (Capina). No momento, os associados estão sistematizando os dados de colheita, produção e comercialização para entrar em novos mercados. O grupo é formado em sua maioria por mulheres agricultoras e doceiras, que levam para as feiras seus alimentos e suas habilidades culinárias tradicionais. São vendidos em forma de geleias, compotas, doces de corte, sendo os mais populares e apreciados os de goiaba e banana. Há também uma variedade de farinhas: banana, berinjela e quiabo, com fins medicinais. Orenir da Silva, 55, é doceira há 20 anos e vendia seus doces na beira da estrada. Agora, possui uma fábrica em casa e está satisfeita em comercializar diretamente para as feiras, com o selo orgânico.

Renata Souto, assessora técnica da AS-PTA, salienta que a Afojo atua nas feiras e no território, compartilhando todo tipo de ajuda necessária para que as lavouras da comunidade caminhem juntas. “São notáveis os laços de confiança e proximidade e o potencial para se organizarem. Eles demonstram maturidade para o trabalho coletivo”, afirma Renata, acrescentando que eles conhecem (e vivenciam) as lutas territoriais, a realidade local e os desafios para avançar no acesso às políticas públicas do município. Estão empenhados em criar condições de um novo modelo de fazer negócios, partindo da experiência já acumulada com troca de receitas, ingredientes, fabricação de caldas para a plantação e transporte para as feiras. Além das informações e experiências, eles partilham alegrias, brincadeiras e também desabafos e angústias. A agricultora Gilka Pacheco, que fabrica pães sem glúten e lactose, comenta sobre a solidariedade do grupo quando participa da feira: “Se uma barraca está com pouca mercadoria, tem sempre alguém que complementa a barraca do outro”, conta.

Mattos, assessor da AS-PTA, reforça a amplitude do sentido da produção agroecológica quando comparada com a orgânica, e sua semelhança com os movimentos sociais camponeses que iniciaram na década de 70 no Brasil. “A produção agroecológica é espontânea, comprometida com a agrobiodiversidade, o autoconsumo e trocas entre famílias agricultoras. A força desse sistema está no campo social ao se reunirem e articularem em coletivos, afirmando sua própria identidade para ganharem visibilidade frente à sociedade e acessarem políticas públicas”, explica.

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Marcos para celebrar em 2015

O ano de 2015 destaca algumas datas emblemáticas que animam e reforçam a caminhada dos camponeses contemporâneos. As celebrações começam com o centenário de nascimento do advogado e político Francisco Julião, um dos líderes das LigasCamponesas; os 60 anos da fundação da Sociedade Agrícola de Plantadores e Pecuaristas de Pernambuco (SAPPP), e do Congresso de Salvação do Nordeste e o I Congresso de Camponeses de Pernambuco, organizado por Josué de Castro, médico e autor do livro Geografia da Fome. Na área de formação política e educação, celebram-se os 25 anos do Curso Básico do Movimento dos Sem Terra (MST); 20 anos do Instituto de Educação Josué de Castro, em Veranópolis (RS); e 10 anos da Escola Nacional Florestan Fernandes. Por isso, o MST declarou 2015 como o Ano da Formação Política e da Batalha das Ideias. Com esta lista de comemorações é possível constatar que a questão agrária permanece como um desafio central no século XXI, conforme indicou a carta política do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), em 2014.

A invisibilidade desses atores sociais ainda é atual e exige o enfrentamento dos sistemas de produção agrícola altamente industrializados, que degradam o ambiente, reforçam a desigualdade social e violam o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). No entanto, a consolidação de espaços coletivos de contestação e mobilização social, articulação política, construção de práticas alternativas e diálogo de saberes indicam caminhos para outras vias de agricultura. Por isso, estas datas tornam-se emblemáticas ao retratar a historicidade dessa trajetória em defesa de territórios e modos de vida.

A restauração ecológica pelas águas do cerrado

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A chamada “Restauração Ecológica” é uma das áreas de atuação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, cujo objetivo final é recuperar as funções ecológicas de um ecossistema ou de uma paisagem.

Projeto recupera biodiversidade próximas a mananciais hídricos no Cerrado Ação visa realizar restauração ecológica de áreas rurais no cerrado Divulgação/Embrapa

Esta é a meta do projeto “Águas do Cerrado – O futuro em nossas mãos”, desenvolvido pelo Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente (Ipoema) com apoio financeiro da Petrobras e, agora, cooperação técnica da Embrapa.

O projeto envolve ações de revegetação de áreas associadas a cursos d’água e a promoção do uso racional dos recursos hídricos. O contrato de cooperação com a Embrapa, formalizado no dia 28 de janeiro de 2015 e com duração de 17 meses, prevê a realização de monitoramento dos processos e dos impactos associados às ações de recuperação de áreas degradadas.

Águas do…

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BRASIL DESCOBRE A ÁGUA

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LÚCIO FLÁVIO PINTO

O brasileiro descobriu a água pela pior lição: a da sua falta. Foi preciso que as duas maiores cidades do país,São Paulo e Rio de Janeiro, ficassem sob a ameaça de colapso no fornecimento para que a grave realidade se impusesse à negligência e incompetência do governo, e à insensibilidade da população.

Em ritmo de crise, como nunca antes, para lançar mão da frase célebre de Lula, o país toma conhecimento da extensão do problema e sua complexidade. Normalmente autossuficiente, beirando a arrogância, o paulistano passou a se interessar pela Amazônia não mais como um tema exótico e distante, mas como um elo da cadeia das suas dificuldades e temores.

De forma cada vez mais constante, o boletim do tempo nas emissoras de televisão incorpora informações sobre o fluxo de nuvens carregadas que saem da Amazônia na direção sul.

Rios voadores passou a ser expressão do dia a dia dos moradores de São Paulo, literalmente despejados diante de uma circunstância única dentre as grandes cidades do mundo: o racionamento drástico de água. Essa conjuntura tem, como uma das suas principais causas, a rigorosa estiagem sobre as áreas dos reservatórios da capital paulista, provocando uma seca recorde.

Mas a diminuição das chuvas não é um fenômeno recente. A tendência para a redução se apresentou em 1999, mantendo-se contínua a partir de então. Mas a vida continuou normal, indiferente a esse aviso da natureza. Por comodismo ou oportunismo, que se acentua em temporada de caça aos votos, as administrações públicas confiaram numa providência divina aleatória. Sem ela, a corrida agora é contra o tempo para evitar que se consume a ameaça inédita de privar de água milhões de pessoas por dias seguidos.

Nesse ponto, os paulistanos passaram a se interessar por um fenômeno muito bem mostrado através de um documentário (Dança da Chuva), realizado pela Fapesp, a fundação de pesquisa de São Paulo. O filme explica um enigma: como é que uma área situada no centro-sul do continente, mesmo estando nessa faixa do planeta, não tem características semelhantes às dos grandes desertos, localizados na mesma posição.

Nesse quadrilátero, que tem São Paulo como o seu centro, destinado naturalmente a ser uma área desértica, se concentra 70% do PIB da América do Sul, com a região sul-sudeste do Brasil e a Argentina. É onde se produz mais energia, estão as maiores indústrias e a principal agropecuária. A região é pulverizada de água abundante por nuvens trazidas pelos ventos da Amazônia. São os rios voadores, expressão que passou a figurar no cotidiano das áreas ameaçadas pela falta de água.

São 17 bilhões de toneladas de aerossóis atmosféricos desviados na direção sul, um volume de água comparável à do rio Amazonas, o maior de todos, com seus 20 bilhões de toneladas despejados no Oceano Atlântico. Esse incrível deslocamento de massa de vapor em suspensão causa chuvas torrenciais e eventualmente tragédias, mas não tem conseguido estancar a progressiva estiagem em alguns pontos da região.

Seria o efeito do desmatamento na Amazônia. As grandes árvores amazônicas são que retêm o vapor vindo dos oceanos, que são a maior fonte de chuvas na Terra, além de lançar água ao ar pela evapotranspiração, funcionando como bombas de captação e lançamento através das suas copas e raízes. Sem as árvores, esse processo se desfaz.

A derrubada da floresta nativa da Amazônia já se aproxima de 800 mil quilômetros quadrados, o equivalente a três vezes a extensão de São Paulo. O tamanho dessa alteração teria que modificar os processos da natureza. Alguns fazem essa afirmativa de maneira categórica. Outros a suscitam ainda como hipótese, carente de uma plena confirmação científica. Outros negam a relação causal.

Ninguém pode negar o fenômeno, qualquer que seja a explicação para a interferência humana nele. Mônica Porto, gerente de água da Escola Politécnica de São Paulo, uma das entrevistadas do documentário da Fapesp, argumenta que o desmatamento alterar o volume de água em circulação entre o verão e o inverno, mas em função da própria natureza, não da participação humana.

Ela diz que a água que escoa pelas raízes das árvores pode ser barrada quando as drenagens para as quais ela se dirige estão cheias, mas é liberada quando o nível dos cursos d’água baixa. Mas haverá sempre água circulando. A diferença estará no seu aparecimento superficial.

O esquema ignora que a supressão da cobertura vegetal acarreta o aquecimento do solo, que reduz a umidade e interrompe o ciclo da água, além de desencadear outros processos, como a compactação do solo e a erosão.

Ainda que o efeito dessa ação humana sobre a natureza não esteja cientificamente demonstrado em todas as suas etapas, ele se evidencia na própria região. É perceptível empiricamente a mudança de microclimas e até além deles nas áreas que perderam a sua vegetação original.

À parte essas complexidades, observadas há muito mais tempo do que podem sugerir os estudiosos de hoje, diferenciados dos mais antigos por sua parafernália tecnológica contra a percepção a olho nu (e inteligência ultra-aguçada), o conhecimento autoriza o pesquisador Antonio Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São Paulo, a dizer que a Amazônia é uma “usina de serviço ambiental”.

Não quer dizer que a região deva cobrar uma taxa por seus rios voadores, seguindo a cômoda prática dos governos estaduais de reduzir as questões à cobrança de tributos e derivados. Esse é um serviço prestado pela natureza. Mas há um ingrediente humano nessa história: é a destruição do bem mais nobre da região, e que a define como tal: a floresta.

Se é útil ao quadrilátero mais rico do continente que a água continue a seguir sua rota natural de norte para o sul, o pagamento pode ser feito pelo apoio às pesquisas capazes de esclarecer esse processo e por medidas que não só inibam o desmatamento como disseminem uma nova cultura em seu lugar, a do uso da floresta.

Por sua nobreza, esse bem deve ser destinado a mais do que madeira sólida ou ser substituído por plantios de soja e pastagem de gado. Deve ser o fundamento do precioso serviço ambiental que a Amazônia presta à parte mais rica do Brasil e da América do Sul. Se as águas circulam numa direção pelo ar, por terra pode e deve ser feita a contrapartida de recursos materiais para sustentar esse ciclo e reduzir as desigualdades econômicas e sociais.

Para que esse enunciado não se torne uma utopia boba, as autoridades responsáveis pela questão devem utilizar sua competência e seu dever de ofício para conferir a autonomia que a questão da água merece e exige. Ou então a incrível crise hídrica que a região mais rica do país está vivendo (e sofrendo) não deixará as lições necessárias.

A água é um bem vital. Isso todos aprendem nos primeiros manuais escolares, mas poucos o transportam para suas vidas. Esse desligamento deixou de existir. Deve-se aproveitar o interesse, os sacrifícios e o sofrimento de centenas de milhares de pessoas para dar um sentido prático a esse saber essencial.

Não se pode mais continuar a maltratar a água no Brasil. Ela é a companhia diária de todos, nas suas muitas serventias. A principal delas deriva da sua potabilidade. Captar, tratar e distribuir água devia ter a prioridade que não lhe é dada no Brasil. Um novaiorquino abre a sua torneira e bebe uma das melhores águas do mundo.

Mas paga todos os anos para que os mananciais, em sua forma natural, sejam mantidos em condições de uso a uma distância de até 200 quilômetros da cidade. Por ser justo, é um pagamento que atrai os donos das terras onde estão essas fontes hídricas. Em muitos casos, preservar a água se tornou a principal fonte de faturamento desses proprietários rurais.

O suprimento de água potável no Brasil é uma calamidade pública. Talvez o impacto atual, especialmente em São Paulo, consiga mudar esse panorama. A conta do descalabro será cobrada de qualquer maneira e agora os maus administradores públicos já não contarão com o alheamento (em alguns casos, ignorância) da sociedade.

Gestão de água deverá ser a nova qualificação profissional requerida pelo mercado. Não uma gestão fracionada, esgotada em cada especialidade. Uma gestão multidisciplinar. A sociedade precisa estar bem informada (e formada) para não deixar mais que um assunto de tal gravidade seja conduzido apenas pelo governo. O chamado controle social é indispensável. Na Amazônia, que abriga a maior bacia hidrográfica do planeta, essa deve ser uma função de Estado.

Não são apenas os rios voadores que migram do norte para o sul: é também a energia, extraída dos cursos d’água e conduzida por longas e caras linhas de transmissão. A Amazônia tem sido apenas a base física desse processo. As decisões sobre onde, como e para quem destinar essa energia são tomadas fora da região e ignorando-a. Aos nativos cabe apenas as rusgas da resistência, exercidas através de manifestações de protesto que paralisam ocasionalmente as obras e retardam o seu cronograma físico e financeiro. Mas não as inviabilizam. Nem, eventualmente, modificam o seu perfil.

A Amazônia é província colonial para todos os usos da água. Mas não inevitavelmente tem que ser assim. Essa função é uma exigência de entidades mais poderosas, dentro e fora do país, que precisam de muita energia para sua produção. Tal premissa elide qualquer consideração que ameace essa demanda. Mas a posição amazônica podia estar melhor exercida se pudesse se consolidar com os conhecimentos e as informações adequadas.

A hidrelétrica de Belo Monte exemplifica essa tensão. Ela foi concebida originalmente como uma réplica de Tucuruí, projetada, construída e posta para funcionar no período do regime militar (sua inauguração ocorreu em 1984). Com a democracia, a hidrelétrica do Xingu foi submetida a questionamentos e contestações. O desenho original foi modificado para atender a principal crítica: a inundação de uma área extensa para a formação do reservatório.

O lago artificial foi reduzido a um terço da sua previsão inicial, que era de 1,6 mil quilômetros quadrados. Dos 503 km2 que restaram, 228 km2  correspondem à própria calha do rio Amazonas e seu transbordamento durante o período de cheias. Assim, a submersão de área nova será de 275 km2.

É água que dá apenas para acionar as seis turbinas bulbo que serão instaladas no vertedouro principal e manter a vazão mínima do rio Xingu na Volta Grande, que fica abaixo (a jusante) do barramento, em 700 metros cúbicos de água por segundo, acima da mínima normal, de 400 m3. Se mantido esse compromisso, poderá haver menos água na cheia nesse trecho, porém mais na seca. Ainda assim, as populações ribeirinhas de índios e caboclos temem prejuízos da nova situação do rio.

Apesar de aí, no sítio Pimental, estar o principal vertedouro do complexo hidrelétrico, sua estrutura abrigará apenas as turbinas de baixa potência, que funcionam com desnível de quatro metros, produzindo 2% da energia total do sistema. Daí se dizer, com certa impropriedade, que se trata de usina a fio d’água, capaz de produzir com vazão corrente, sem precisar de retenção da água.

As 18 grandes turbinas, que serão responsáveis por 98% dos mais de 11 mil megawatts de potência instalada, estarão a 140 quilômetros de distância. Sua grande vantagem (como do sítio escolhido pelos engenheiros para o aproveitamento energético) é o desnível de 90 metros nessa curta distância, que garante a velocidade da água, suficiente para acionar as imensas turbinas, que exigem quase 800 mil litros por segundo.

Parte substancial da vazão do Xingu será desviada do seu curso normal por canais de derivação para um reservatório complementar, que ficará fora da calha do rio. Esse lago, que aproveitará drenagens naturais e também áreas novas que serão inundadas, terá suas margens garantidas por diques de concreto. Eles terão múltiplas funções: reter água, manter a vazão controlada, drenar o excesso de água de volta ao rio e proteger os igarapés.Ninguém jamais concebeu um esquema desses para uma hidrelétrica no Brasil (e, talvez, no mundo).

A movimentação de terra para a construção do canal de derivação, que terá 20 quilômetros de extensão, 200 metros de largura e até 20 metros de profundidade, será bem maior do que a da construção do canal do Panamá (126 milhões e 95 milhões de metros cúbicos, respectivamente). Esses números dão uma ideia da grandiosidade da obra. E também da sua complexidade, sobretudo porque nada igual foi construído antes.

Tudo isso para eliminar o aspecto mais vulnerável de uma grande hidrelétrica na bacia de rios de baixa declividade natural e muita diferença entre o máximo e o mínimo de vazão durante o ano: o alagamento de extensas áreas, inclusive as cobertas por densa vegetação.

Mesmo com a compensação representada pelo reservatório complementar e o canal de derivação, não haverá água suficiente para acionar todas as 18 turbinas principais de Belo Monte durante três ou quatro meses do ano, quando a usina ficará parada. Por isso, sua potência efetiva o ano inteiro terá apenas 40% da capacidade nominal, de mais de 11 mil MW, que a coloca como a terceira maior hidrelétrica do mundo.

Vale a pena gastar tanto dinheiro e expor a natureza e a população local aos riscos dessa intensa intervenção humana para ter uma usina de geração firme tão inferior à da sua potência de projeto? Os engenheiros não hesitam em responder afirmativamente, mas seus cálculos não estão ao alcance da sociedade para avalizá-los agora. E estavam ainda menos acessíveis quando a decisão de construir Belo Monte foi tomada.

Espera-se que isso nunca mais se repita para que os custos da atual crise hídrica do Brasil rico sirvam de lição para todo o país. Em especial, sua maioria pobre.